MUSEX - Museu Pedagógico do Sexo

Visita à exposição "Amor Veneris - Viagem ao Prazer Sexual Feminino"

Fui visitar a exposição “Amor Veneris – Viagem ao Prazer Sexual Feminino”, no Palácio dos Anjos, em Algés. Antes de iniciar a viagem uma bifurcação convida-nos a escolher – com consentimento ou sem consentimento. Quando o tema é a sexualidade das mulheres esta distinção precisa ficar bem clara. A arte e a ciência que nos serão apresentadas vão manifestar com clareza e profundidade o que um e outro caminho representam.

Somos guiadas pelas curadoras da exposição – Marta Crawford e Fabrícia Valente – que partilham connosco as diversas interpretações que visitantes fazem sobre a escolha do percurso inicial. Chama-me a atenção um dos motivos que podem levar algumas pessoas a escolherem o percurso sem consentimento. Focando-se na temática sexual, sem atender ao significado que esta tem para as mulheres, algumas pessoas acham piada à questão seguindo o caminho sem consentimento como ato de rebeldia. Bom, a verdade é que qualquer desinformação que possa motivar essa escolha será confrontada com a realidade brutal do que vivem tantas mulheres pelo mundo fora, numa composição que quer sacudir consciências.

Por outro lado, seguir o caminho do consentimento, é tudo de bom! A temperatura sobe à medida que percorremos as salas desde o cérebro, a pele e por fim, (esse desconhecido) o clitóris e restante zona genital. Chegadas aí a sexóloga Marta Crawford faz uma chamada de atenção “feito todo este percurso, chegadas à zona genital, ainda é tempo de decisão” “se a mulher decide que não quer avançar a partir daqui não está dado o consentimento para o ato sexual”. Estas palavras geram uma troca de ideias entre as pessoas presentes, de diferentes gerações, sincronizadas na importância desta abordagem à sexualidade das mulheres, a partir de um olhar de cuidado, de respeito, de prazer, da mulher enquanto sujeito.

Aconselho vivamente a visita à exposição que estará aberta ao público até dia 30 de dezembro. Há várias atividades agendadas e a possibilidade de inscrição para ir à visita guiada com as curadoras. Iniciativas como estas, que dão voz às mulheres, são tão importantes! Para mim foi sem dúvida uma experiência empoderadora!